Em 2014, a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180
realizou 485.105 atendimentos, uma média de 40.425 atendimentos ao mês e 1.348
ao dia. Desde a criação do serviço em 2005, foram mais de 4 milhões de
atendimentos.
O balanço foi divulgado nesta sexta-feira (6) pela ministra
da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República,
Eleonora Menicucci. Na oportunidade a ministra anunciou a ampliação do Ligue
180 - Internacional para mais 13 países.
"Com o serviço, o encaminhamento para o órgão
competente é realizado assim que a denúncia é feita. Se a mulher está na região
Norte, Sul, ou Sudeste ela é encaminhada para o órgão competente mais próximo e
aí o processo começa andar. A mulher tem a resolução do problema dela com mais
eficácia e rapidez", disse a ministra em entrevista coletiva.
Em comparação a 2013, o Ligue 180 registrou, em 2014,
aumento de 50% nos registros de cárcere privado de mulheres, uma média de 2,5
registros/dia.
No caso de estupros denunciados, o aumento foi de 18%, uma
média de três denúncias/dia. A violência sexual contra a mulher, que inclui
estupros, assédios e exploração sexual, cresceu 20% em 2014, uma média de
quatro registros/dia.
Menicucci enalteceu ainda a qualificação das atendentes.
Segundo a ministra, as profissionais passam por capacitação e acompanhamento
psicológico. "Não pense que o Ligue 180 é apenas uma central telefônica,
não é! É um serviço de acolhimento e apoio para as mulheres."
A ministra da SPM falou também sobre a importância da
denúncia partir não apenas da vítima, mas também por outras pessoas que flagrem
ou desconfiem de algum tipo de violência contra a mulher. "É uma sociedade
machista e patriarcal que temos no Brasil e no mundo todo que permeiam os
valores culturais em que se diz que em briga de marido e mulher não se mete a
colher. O estado tem a obrigação de meter a colher com políticas públicas
eficientes para mudar essa situação", apontou.
A titular da pasta ressaltou ainda que hoje em dia as
mulheres estão mais confiantes nas políticas públicas governo. "Elas estão
vendo que o enfrentamento da violência está funcionando", finalizou
Menicucci.
Ligue 180
O Ligue 180 foi criado pela Secretaria de Políticas para as
Mulheres em 2005, para servir de canal direto de orientação sobre direitos e
serviços públicos para a população feminina em todo o País. A ligação é
gratuita.
O serviço é a porta principal de acesso aos serviços que
integram a rede nacional de enfrentamento à violência contra a mulher, sob
amparo da Lei Maria da Penha, e base de dados privilegiada para a formulação
das políticas do governo federal nessa área.
Em 2014, do total de 52.957 denúncias de violência contra a
mulher, 27.369 corresponderam a denúncias de violência física (51,68%), 16.846
de violência psicológica (31,81%), 5.126 de violência moral (9,68%), 1.028 de violência
patrimonial (1,94%), 1.517 de violência sexual (2,86%), 931 de cárcere privado
(1,76%) e 140 envolvendo tráfico (0,26%).
Perfil de quem denuncia
Com relação ao perfil do usuário do Ligue 180, é importante
registrar que o serviço é majoritariamente procurado pelo sexo feminino
(85,8%). Em sua grande maioria (80%), as mulheres relatam violências praticadas
por homens (companheiros, cônjuges, namorados, amantes) com os quais mantêm ou
mantiveram algum vínculo afetivo (82,53%).
As denúncias restantes estão relacionadas a relações
familiares (11,20%), relações externas (5,93%) e homoafetivas (0,34%).
Homens
Em 2014, contudo, houve um aumento na procura do serviço por
homens (de 13%, em 2013, para 14%). Foram registrados 7.518 atendimentos a
pessoas do sexo masculino, que relataram episódios de violência contra
mulheres.
Mas são as mulheres que mais denunciam a violência da qual
são vítimas (70,75%) na Central de Atendimento. Em seguida vêm os vizinhos
(6,54%), as mães (3,38%), os irmãos das vítimas (2,72%) e outros (16,61%).
Os relatos das vítimas revelam que a violência tem início
logo no primeiro ano de convivência do casal (23,51%) ou de um até cinco anos
(23,28%). Dos atendimentos registrados em 2014, 80% das vítimas tinham filhos,
sendo que 64,35% deles presenciavam a violência, e 18,74% eram vítimas diretas juntamente com
as mães.
Registros de atendimentos
A comparação entre a população feminina das unidades
federativas e o número de registros de atendimento no Ligue 180 permite
concluir que o município de Campo Grande, onde a Secretaria de Políticas para
as Mulheres inaugurou em 3 de fevereiro a primeira Casa da Mulher Brasileira, é
a capital com a maior taxa de ligações, seguida por Brasília (DF) e Vitória
(ES).
Por estado, o Distrito Federal foi o que mais procurou o
Ligue 180 (158,48%), seguido de Mato Grosso do Sul (91,61%), Rio de Janeiro
(91,18%), Espírito Santo (85,59%) e Amapá (82,93%). Em 2014, a Central de Atendimento à Mulher
atendeu 27 unidades da Federação e 3.853 dos 5.570 municípios brasileiros
(69,1%).
Já entre as 30 primeiras cidades que mais procuraram o Ligue
180 em 2014, proporcionalmente à respectiva população feminina, estão aquelas
com menos de 20 mil habitantes. Salvador das Missões (RS), Amapá (AP) e Gabriel
Monteiro (SP) ocupam as primeiras posições entre as que mais recorreram ao
serviço. Destaque-se que o número de habitantes atendidos na zona rural
brasileira quadruplicou ano passado em relação a 2013.
Outras estratégias
A ministra citou alguns dos trabalhos do governo para
combater a violência contra a mulher, entre eles, ampliar para dez os Centros
de Atendimento às Mulheres nas regiões de fronteira seca; o funcionamento, que
começou há um ano, de 54 ônibus que levam orientação e atendimento para
mulheres do campo e florestas; além de um barco, que com parceria com a Caixa
Econômica, leva atendimento para as mulheres ribeirinhas.
Menicucci reforçou a construção de 27 Casas da Mulher
Brasileira. Os locais reúnem todos os serviços públicos destinados a mulheres
vítimas de violência ou em situação vulnerável: delegacia de polícia,
defensoria pública, posto médico, salas de atendimento psicossocial.
A primeira Casa foi inaugurada em Campo Grande (MS) em
fevereiro, e em um mês, já atendeu 2 mil mulheres, com 544 encaminhadas para
medidas protetivas. Também resultou em quatro homens presos por conta do crime,
sendo um deles um dos eletricistas que trabalharam na construção da Casa. A próxima Casa da Mulher Brasileira será
inaugurada em Brasília (DF) em abril.
A ministra falou ainda sobre o Dia Internacional da Mulher,
a ser comemorado no domingo (8). “Estamos no mês que comemoramos a luta das
mulheres no mundo e é uma data que minha vida inteira eu dediquei para não ter
que comemorá-lo. Quando chegar o dia que eu não tenha que comemorar para
afirmar a existência de metade da população brasileira e as mães da outra
metade, é porque os direitos estão conquistados e existe igualdade de direitos
sem preconceito e discriminação contra nós mulheres", disse Menicucci.
Fonte: Portal Brasil, com informações da Secretaria de Políticas
para as Mulheres
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