Os pacientes infectados com o vírus da hepatite C vão
contar, a partir do ano que vem, com um tratamento que inclui três tipos de
medicamentos e tem atingido a taxa de erradicação de 80% a 90% dos casos da
doença.
O hepatologista e presidente da Sociedade Brasileira de
Hepatologia, Edison Parise, explicou que o Sofosbuvir, o Daclatasvir e o
Simeprevir estão em processo de análise para homologação pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária. A decisão deve ocorrer até o fim do ano, para que os
medicamentos sejam usados pelos pacientes nos primeiros meses de 2015, em
períodos de 12 semanas.
O custo dos remédios é elevado e nos Estados Unidos chega a
atingir US$ 120 mil para 12 semanas de tratamento. É por isso que o Ministério
da Saúde está em entendimento com laboratórios para fazer a compra em valores
mais baixos, a fim de que sejam oferecidos no Sistema Único de Saúde (SUS).
O chefe do Ambulatório de Hepatites do Hospital de Clínicas
da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro do Comitê Assessor do Programa
de Hepatites do Ministério da Saúde, Raymundo Paraná, disse que sem essa
negociação seria inviável ao SUS garantir a oferta dos produtos. “O SUS não
suportaria, de uma hora para outra, que remédios que têm custo de US$ 120 mil
nos Estados Unidos fossem universalmente disponibilizados em país como o nosso,
que tem limitação orçamentária”, explicou.
Os medicamentos já foram aplicados nos Estados Unidos e na
Europa e, segundo Edison Parise, neste mês, em um congresso de especialistas em
Boston, houve demonstração dos resultados em mais de mil pacientes, que
comprovam a eficácia do tratamento. “Esses medicamentos começaram a ser usados
há mais ou menos um ano nos Estados Unidos e agora, no Congresso, foram
mostrados dados sobre o uso deles."
Eficácia
Enquanto os estudos iniciais incluíam poucos pacientes, os
dados agora trazem um número muito grande de pessoas tratadas e confirmam os
mesmos índices de cura, em torno de 80% a 90%, dos pacientes, com qualidade de
tratamento melhor e menos sofrimento”, acrescentou.
Os pacientes transplantados ou que estão aguardando a
cirurgia também podem ser beneficiados, porque com os novos medicamentos, o
tratamento pode seguir. “Tratada, a doença hepática pode regredir ou eles podem
ir ao transplante em condição muito melhor”, destacou Paraná.
O tratamento da hepatite C no Brasil durava 48 semanas, com
inúmeros efeitos colaterais e taxa de resposta em torno de 50%. Com a evolução
dos remédios, esse número avançou nos últimos anos e a taxa atingiu 70%, mas
ainda apresentava efeitos colaterais, que afastavam os pacientes do tratamento.
O infectologista responsável pelo Ambulatório de HIV e
Hepatites Virais da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São
Paulo, Paulo Abrão Ferreira, informou que agora, com os produtos que serão
ministrados, será possível evitar o uso da proteína sintética interferon. Para
ele, isso representa uma revolução no tratamento da doença no país. “É uma
revolução porque agora a gente não precisa mais de interferon e não haverá efeitos
colaterais”, disse.
Os médicos avaliam que o tempo mais curto de tratamento vai
aumentar o número de atendimentos. “Nos Estados Unidos, está sendo tratado em
uma semana o que se tratava em meses com o procedimento anterior. Com isso, o
Brasil pode quadruplicar a capacidade de tratamento, simplesmente pelo tempo
mais curto e pelo número menor de efeitos colaterais" disse Parise.
No Brasil, a hepatite C atinge 2 milhões de pessoas e no
mundo chega a 170 milhões, mas se o tratamento for aplicado na integridade, o
paciente pode conseguir a cura. “É uma doença curável. Tratou, eliminou o
vírus, ela não volta mais”, completou Paraná.
Fonte:
Agência Brasil
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