Preocupadas com o alto índice de cesarianas na rede privada
(84%) e incapazes de contratar uma equipe de saúde completa, elas têm optado
por hospitais de referência em saúde maternoinfantil.
Esse é o caso de professora de matemática Camille Ramalho,
33 anos, que deu à luz no Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de
Hollanda, no centro do Rio.
“Fiz todas as consultas de pré-natal pelo plano de saúde,
mas na hora do nascimento preferi o SUS [Sistema Único de Saúde]”, contou. Ela
disse que se informou sobre o assunto antes de tomar sua decisão. “Li muito,
conversei com muitas mães e não me arrependo”, disse Hollanda.
No Rio, a busca pela Maternidade Maria Amélia tem se tornado
uma tendência, avalia a enfermeira obstetra Heloisa Lessa, da Associação
Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstétricas.
Parto Humanizado
Segundo ela, com as novas regras da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) e a defesa do parto normal por organizações sociais, as
gestantes têm se informado sobre os riscos da uma cesariana desnecessária.
“Um parto humanizado requer uma equipe humanizada, o que
custa caro e não é garantida na rede privada”, analisa. “Muitos médicos
preferem fazer cesarianas porque podem ser agendadas com antecedência e são
mais bem remuneradas pelos planos de saúde”, completa.
Em ambos os casos, as gestantes contrataram uma doula, o que
também está se tornando uma tendência no Rio, segundo Heloisa. Essas
profissionais acompanham a gestante desde o início da gravidez, ajudando na
preparação do casal.
A tradutora Eva Holzova Dantas, 32 anos, que recentemente
teve Stella, hoje com 1 mês de vida, conta que a doula deu apoio para que ela
tentasse o parto normal, depois de uma cesariana do primeiro filho.
“Ela passou exercícios para o casal, durante a fase ativa do
parto, esclareceu sobre as fases do parto, o que te dá um apoio emocional muito
importante”, afirmou a tradutora.
Em casos de gravidez de baixo risco, o parto normal
humanizado é a melhor opção, segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) Silvana Granato.
Procedimentos
No processo, a equipe está treinada para realizar o menor
número de intervenções possível no corpo da mulher, como a episiotomia (corte
no períneo) e a injeção de ocitocina (hormônio sintético).
“A ocitocina, por exemplo, aumenta o número de contrações do
útero, o que aumenta a dor e torna o parto normal mais dolorido”, alertou Granato.
Ela também observa uma migração de mulheres para a rede
pública, onde as parturientes podem usar banheiras para aliviar a dor, além de
receber massagens e exercícios para ajudar a relaxar, o que é permitido no
Maria Amélia.
A Secretaria Municipal de Saúde disse que não é possível
estimar quantas gestantes com plano de saúde preferem ter bebês na unidade
pública. Porém, o número de parto normais na Maternidade Maria Amélia chega a
76,2 % – maior que a média da rede, de 66,%, que inclui nove maternidades e uma
casa de parto (unidade extra-hospitalar que realiza apenas partos normais de
baixo risco).
Para estimular a prática, o governo do estado do Rio tem
treinado equipes e recentemente comprou uma banheira para o Hospital Estadual
dos Lagos de Saquerama, na Região dos Lagos.
“Banhos de imersão em água morna ajudam no trabalho de
parto”, disse o coordenador de Maternidades da Secretaria de Estado de Saúde,
Jorge Calás.
De acordo com a coordenadora da pesquisa Nascer no Brasil,
da Fiocruz, Maria do Carmo, entre as vantagens do parto normal estão a redução
da morte materna, infecciosas, além de dores pós-operatórias. Nos bebês,
diminui risco de morte intrauterina, complicações respiratórias e obesidade na
infância.
Fonte: Agência Brasil
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