Os governos brasileiro e chinês assinaram ontem, acordos de
peso entre a Eletrobras e empresas chinesas do setor elétrico no setor de
geração e transmissão de energia. O primeiro, entre a Eletrobrás e a chinesa
State Grid, visa a construção de linhas de transmissão para ultra alta tensão
na usina de Belo Monte.
Beneficiando a geração de energia, um segundo acordo une
Eletrobrás e Furnas ao grupo responsável pela construção da usina chinesa de
Três Gargantas no projeto de construção
da hidrelétrica do Rio Tapajós.
O interesse chinês em investir na construção de ferrovias no
Brasil também mereceu destaque na assinatura de acordos hoje, após reunião
entre a presidenta Dilma Rousseff e o presidente chinês, Xi Jinping. O
Memorando de Entendimento sobre Cooperação Ferroviária, firmado entre o
Ministério de Transportes e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma,
deve pavimentar a participação de empresas chinesas nos projetos brasileiros de
infraestrutura e logística, sobretudo na licitação do trecho 4 da Ferrovia
Transcontinental, que liga os municípios de Lucas do Rio Verde (MT ) e
Campinorte (GO).
A obra integra a Ferrovia Transoceânica Brasil-Peru, projeto
de vital importância para a integração dos países da América do Sul e de
especial relevância no escoamento da produção brasileira para o mercado
asiático.
“Apresentei ao Presidente Xi as oportunidades que se abrem
em licitações nos setores ferroviário, portuário, aeroviário e rodoviário.
Aqui, as empresas chinesas encontrarão segurança jurídica e marco regulatório
estável”, afirmou Dilma Rousseff, em declaração à imprensa.
Indústria
A geração de empregos no setor industrial brasileiro ganha
impulso com o anúncio de investimentos da empresa chinesa Sany na construção de
uma fábrica de maquinário para a construção Civil. O aporte é estimado em US$
300 milhões. A automobilística Chery também anunciou a instalação de uma
montadora no país, no valor de US$ 400 milhões. Os dois projetos devem ser
instalados no município de Jacareí (SP) e devem gerar, cada um, mil novos
postos de trabalho.
A venda de 60 aeronaves da Embraer às empresas chinesas
Tianjin Airlines e ICBC Leasing ainda reforça a diversificação e agrega valor à
pauta de exportações brasileiras para a China.
Agronegócio
A principal vitória do setor foi o levantamento do embargo
chinês à carne bovina brasileira. “Identificamos, ainda, amplas oportunidades
de cooperação no setor do agronegócio. Nossa determinação é a de superar
quaisquer dificuldades técnicas e sanitárias que limitem a ampliação do
comércio bilateral”, disse Dilma.
Ao todo, foram assinados 32 acordos de cooperação nas áreas
de tecnologia, telecomunicação, sensoriamento remoto, defesa, energia,
educação.
Coletiva de Imprensa
A presidenta detalhou, em coletiva de imprensa, uma série de
propostas apresentadas na reunião da Cúpula Brasil-China e líderes da América,
nesta quinta-feira (17), devido à visita do presidente chinês Xi Jinping. Eles
decidiram constituir o Fórum América Latina, Caribe e China, que deve se reunir
pela primeira vez no ano que vem.
Além deste fórum, algumas medidas foram propostas pelo
governo chinês no sentido de aproximar as relações com a América Latina. Entre
elas, o lançamento de um fundo específico para financiar projetos de
infraestrutura, com capital inicial de US$ 10 bilhões, e total de US$ 20
bilhões. A China propôs a ideia para estar pronta também em 2015.
Outra das propostas discutidas na Cúpula foi o lançamento de
uma linha de crédito preferencial com a Celac, dentro de um banco chinês,
podendo chegar a US$ 10 bilhões. Por fim, um fundo de cooperação sino-americano
e caribenho no valor de US$ 5 bilhões, para investimentos em áreas a serem
definidas em comum acordo entre as partes, além do lançamento de uma linha para
a América Latina com 6 mil bolsas de estudo.
Na visão da presidenta, o que mais importante, tanto no
relacionamento Brasil-Brics como no relacionamento América Latina-China, é que
se trata de uma região sem guerras militares.
“Qual é a grande vantagem da América Latina? É viver em paz,
sem conflitos religiosos, étnicos ou de qualquer espécie. E fiquei orgulhosa,
tanto na reunião com chefas e chefes de Estado e Governo, ontem na reunião com
a Unasul, quanto na reunião agora feita com a Celac. Eu considero que
demonstrou-se uma reunião de alto nível, em que questões importantes foram
olhadas, numa ótica e perspectiva da América Latina”, analisou.
Fonte: Blog do Planalto
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