segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

NOVOS MÉTODOS TRANSFORMAM ENSINO DE MATEMÁTICA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA



Abordagem personalizada, sensibilização e mobilização da família são palavras-chaves nesse contexto, segundo a professora, que colabora em dois laboratórios no Instituto: o de Ensino de Matemática (LEM) e o de Educação Matemática (LEMa), coordenados pela professora Miriam Utsumi.

De acordo com a legislação vigente no País, são consideradas pessoas com deficiência aquelas que possuem um distúrbio de caráter permanente. Encaixam-se nessa definição as pessoas com Síndrome de Down e com deficiências físicas como cegueira, surdez, paralisia cerebral, paraplegia, entre outras.

Há, ainda, os alunos superdotados (com altas habilidades) e os portadores de Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), que afetam as habilidades de socialização, de comunicação e de interpretação do outro, como, por exemplo, os autistas, que demandam atenção especial.

Para aprimorar o ensino destinado a esse público-alvo, a professora do ICMC destaca que o primeiro passo é garantir o acesso à informação: “O professor deve conhecer o que a lei garante, o que o governo oferece e onde conseguir materiais, como recursos computacionais, softwares, materiais em braile, com cores diferenciadas, transcrições em áudio, etc.”

Legislação

Em 2001, o Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu uma resolução que obriga as escolas de ensino regular a aceitarem alunos, independentemente de serem pessoas com deficiência.

Desde então, aumentou a demanda por professores qualificados para atender essa nova realidade. Edna explica que, como a lei é recente, a grande maioria dos professores ainda estão despreparados e falta infraestrutura (como recursos, salas apropriadas e profissionais de apoio) na maior parte das instituições de ensino.

 A professora destaca que há treinamento sendo oferecido pelo Ministério da Educação, mas que seu alcance ainda precisa ser ampliado.

Da abordagem à sensibilização

Desde 2012, os alunos do ICMC, do curso de Licenciatura em Matemática, podem se matricular em uma disciplina optativa focada em preparar o futuro professor para desenvolver o conteúdo escolar de matemática com os alunos com deficiência. A disciplina 'Ensino de Matemática para Alunos com Necessidades Especiais' busca ensinar algumas ferramentas específicas.

“O futuro professor de matemática que optar por cursar essa disciplina não será um especialista, porém terá noção e visão da inclusão do ensino de matemática para esses alunos com necessidades especiais”, esclarece Edna.

Ao cursar a disciplina, os futuros professores têm a oportunidade de examinar a literatura e legislação disponíveis sobre a temática da inclusão escolar e relacioná-la a questões específicas do ensino e aprendizagem de matemática nos níveis fundamental e médio.

Métodos

Entre os assuntos abordados está a necessidade de que o professor desenvolva a habilidade de agir de acordo com as características individuais desses alunos. “O método de ensino que será utilizado pelo professor dependerá da forma como o aluno consegue interagir e o trabalho pode se tornar mais difícil quando falamos de pessoas com mais de um transtorno”, pontua a professora.

A pesquisadora do ICMC relata que, muitas vezes, por não saber lidar com a pessoa com deficiência, o professor acaba não desenvolvendo a atividade pedagógica que deveria ser realizada e deixa esse aluno apenas cumprindo uma tarefa de forma não direcionada como, por exemplo, pintar ou desenhar sem um propósito.

Além disso, ela destaca que é preciso desenvolver a capacidade de sensibilização dos professores: “Trabalhar apenas com conteúdo matemático, muitas vezes não é o melhor caminho. O professor deve ser sensível para analisar as condições intelectuais de cada estudante, independentemente da sua idade, para compreender o que é possível ser realizado  e ampliar os ganhos no desenvolvimento da autonomia do aluno”.

Apoio familiar

Outro fator importante na hora de ensinar matemática às pessoas com deficiência é a participação da família. “A família deve acompanhar e participar do desenvolvimento da criança porque, isoladamente, o professor não consegue identificar a necessidade do estudante”, reforça a pesquisadora.

Ainda segundo a professora, umas das grandes dificuldades do profissional é que, às vezes, nem o núcleo familiar tem o diagnóstico exato do distúrbio que afeta o aluno.

Nesses casos, é ainda mais difícil para o professor realizar seu trabalho e a relação estreita com esse núcleo se torna mais fundamental, para que seja dada continuidade ao trabalho de desenvolvimento da criança ou adolescente, também fora da sala de aula.

Fonte:
Empresa Brasil de Comunicação






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