Em 10 anos, o número de crianças não registradas em
cartórios no ano do nascimento caiu de 18,8% em 2003 para 5,1% em 2013, segundo
o relatório “Estatísticas do Registro Civil”, divulgado nesta terça-feira (9)
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o órgão, os dados indicam um grande avanço na
cobertura do registro civil de nascimento no País.
Com a redução, o País fica há um passo da erradicação do sub-registro
civil de nascimento. Um patamar igual ou inferior a 5% é considerado pelos
organismos internacionais como erradicado.
A ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República (SDH/PR), comemorou o avanço e disse que o acesso à
certidão de nascimento no País é um direito fundamental do cidadão.
“O avanço importa e importa muito. Isso porque a certidão de
nascimento é um instrumento básico de exercício da cidadania, fundamental para
o exercício de direitos e o acesso a políticas públicas e benefícios sociais.
Sem ela, não há o direito ao voto, o acesso ao mercado formal de trabalho, o
acesso a programas sociais”, afirmou.
Indicadores
Os números do IBGE mostram que apenas o Norte e Nordeste
apresentaram indicadores significativos em 2013, de 15,8% e 14,1%,
respectivamente. Nas demais regiões, há evidências de que a cobertura dos
registros é praticamente completa.
Os nascimentos não registrados nos cartórios no ano de sua
ocorrência são incorporados à pesquisa nos anos posteriores, como registros
extemporâneos.
Na análise dos resultados por lugar de residência da mãe,
observou-se a redução na proporção de registros extemporâneos no Brasil, que
passou de 17,4%, em 2003, para 4,9%, em 2013, indicando que é cada vez menor o
estoque de população sem o registro de nascimento.
A proporção dos registros extemporâneos ainda foi de 17,4%
na região Norte; por outro lado, foi significativamente reduzida no Sudeste
(1,4%) e no Sul (2,2%).
Em 2013, foram registrados 2,8 milhões de nascimentos, o que
representa um aumento de 0,3% em relação a 2012.
As regiões Sudeste e Nordeste, que apresentaram maior volume
e proporção dos nascimentos registrados na década, tiveram diminuição sutil nos
registros de nascimento entre 2012 e 2013. As demais regiões tiveram aumento no
período.
Políticas
Nos últimos anos, o governo federal, em parceria com
estados, municípios e a sociedade civil, desenvolveu diversas ações para
erradicar o sub-registro civil de nascimento no País.
O IBGE citou algumas inciativas consideradas fundamentais
como a gratuidade da primeira via dos registros de nascimentos, a realização de
campanhas nacionais, a instalação de postos dos cartórios nas maternidades e a
criação do compromisso nacional pela erradicação do sub-registro de nascimentos
e ampliação do acesso à documentação civil básica.
Outra ação de destaque foi a criação do Sistema Nacional de
Informações de Registro Civil (Sirc), em junho de 2014, que deverá captar e
disponibilizar dados relativos a registros de nascimento, casamento e óbito em
uma base de dados única.
Na prática, o Sirc facilitará o acesso da população ao
registro civil de nascimento, além de dificultar a falsificação de documentos.
Também foram citados os pactos estabelecidos com os governos
estaduais de regiões com maiores problemas de sub-registro para a redução do
número de nascimentos cujos registros são postergados.
As políticas públicas de combate ao sub-registro são
acompanhadas pelo Comitê Gestor Nacional, criado em 2007 com o objetivo de
promover a articulação dos órgãos e entidades envolvidos na implementação dos
programas relacionados à ampliação do acesso à documentação civil básica.
Registro Civil
A certidão de nascimento é o primeiro documento civil do
indivíduo, onde estão anotados todos os dados do registro civil de nascimento,
que reconhece perante a lei nome, filiação, naturalidade e nacionalidade da
pessoa.
O acesso universal ao registro civil é um importante passo
para o exercício pleno da cidadania no Brasil. É um Direito Humano. Apenas com
a certidão é possível obter os demais documentos civis e o acesso a benefícios
governamentais.
Sem o registro civil, a pessoa fica impedida, por exemplo,
de receber as primeiras vacinas e matricular-se em escolas. O registro é
gratuito para todas as idades, inclusive para os adultos que ainda não possuem
o documento.
Fonte: Secretaria de Direitos Humanos
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