A persistente defasagem salarial entre negros e brancos
demonstra o acerto do governo na manutenção da política de cotas raciais,
inclusive com sua ampliação para o âmbito do serviço público federal. Assim a
ministra Luiza Bairros, titular da Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial (Seppir), avaliou a pesquisa "Os Negros no Mercado de
Trabalho", divulgada na quarta-feira (13), pelo Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A ministra se referia ao projeto de lei, anunciado pela
presidenta Dilma Rousseff, que reserva 20% das vagas do serviço público federal
para a população negra. Segundo ela, que a medida é necessária para acelerar a
participação desta população nos lugares de prestígio do mercado de trabalho,
justamente o que mostra a pesquisa do Dieese: os negros representam 48,2% dos
trabalhadores nas regiões metropolitanas. Mas a média do salário desta
população chega a ser 36,1% menor do que a de não negros.
“A adoção de cotas nos concursos públicos no governo
federal, eu tenho certeza, que vai servir de efeito demonstração também para
outros setores. É uma medida com impacto extremamente grande, que certamente
vai influenciar as empresas privadas, que ainda são mais tímidas, do ponto de
vista de iniciativas como essas”, reiterou Luiza Bairros.
O levantamento do Dieese revela que os negros ocupam cargos
de menor qualificação e, consequentemente, têm os salários mais baixos. O
levantamento foi feito entre 2011 e 2012, nas regiões metropolitanas de Belo
Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo, além do
Distrito Federal.
Defasagem também atinge a educação
A pesquisa também aponta desproporção também em relação à
formação educacional. Dos negros trabalhadores, 27,3% não haviam concluído o
ensino fundamental (que vai do 1º ao 9° ano) e apenas 11,8% conquistaram o
diploma de ensino superior, ao passo que entre os não negros em atividade 17,8%
não terminaram o ensino fundamental e 23,4% formaram-se em uma faculdade. E,
segundo o Dieese, esse cenário se reflete nos ganhos salariais.
Ainda assim, mesmo com nível de estudo similar, os negros
ainda saem perdendo na batalha por melhores salários. De acordo com o Dieese,
um trabalhador negro com nível superior completo recebe na indústria da
transformação, em média, R$ 17,39 por hora, enquanto um não negro chega a
receber R$ 29,03 por hora. Isso pode ser explicado, segundo o departamento,
porque “o avanço escolar beneficia a todos promovendo o aumento dos ganhos do
trabalho, mas de maneira mais expressiva para os não negros”.
Fonte: Portal Brasil
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