“Eu vejo você como um porco”, era o que Marina*, 32 anos,
mais ouvia do marido enquanto ele cuspia em seu rosto. Casada por 12 anos, ela
ficou 10 sem ter coragem de se olhar no espelho. O marido a empurrava, gritava
com ela, trancava-a dentro de casa por dias, humilhava-a. Estrangeira e de uma família rica, Marina
estudava em uma das melhores universidades de seu país. Foi onde conheceu o que
viria a ser seu futuro marido. Jovem e apaixonada, ela largou seu país, sua
faculdade e toda sua família para se mudar para o Brasil em nome do amor. Amor
que a privou de seus direitos como cidadã, de sua voz, de suas escolhas, de seu
pensar. “Eu não tinha direito a nada.
Até no corte do cabelo dos meus filhos eu não podia opinar”. O seu único
sentimento era o de culpa, já que ele sempre a fez acreditar que a forma como
ele a tratava era por responsabilidade dela. “Eu sempre achei que ele estava
certo e eu queria ser perfeita para ele”.
Depois de diversas tentativas de se divorciar, todas frustradas, pois
ela sempre acreditava nas promessas do agressor em mudar, ela procurou uma
advogada, e foi por ela que Marina descobriu que ela era mais uma vítima de
violência doméstica.
Já Regina*, 31 anos, viveu cinco meses de terror. Casada
havia seis anos e com dois filhos pequenos, Regina vivia um casamento normal,
quando seu marido começou a acusá-la de traição e, por ciúmes, fez de sua vida
uma ameaça de morte constante. Com a arma apontada para sua cabeça, Regina
ouvia do seu companheiro que ela não morreria assim, tão fácil, que antes ela
seria torturada. O plano era alugar uma casa, e lá ele cortaria seus dedos,
depois suas mãos... Regina ouvia o plano de sua morte constantemente. O rapaz,
que sempre aparentou para os vizinhos, amigos e familiares ser um bom marido e
um bom pai, iria fazer tudo escondido, repetindo para ela que nunca ninguém
desconfiaria dele. Depois de ser convidada pelo marido para sair só os dois em
uma noite, e de ouvir dele que aquela era a hora certa para colocar o seu plano
em prática, Regina conseguiu fugir e vencer o medo e a vergonha de contar para
sua família e amigos o que ela estava vivendo, e tomou coragem para denunciá-lo.
“Para os outros, éramos um casal feliz. Eu sabia que se eu não o denunciasse,
ele iria mesmo me matar e nunca ninguém iria desconfiar dele”.
Suzana*, 37 anos, já nem sabe dizer quantas vezes foi
espancada pelo marido, com quem foi casada por quatro anos e teve uma filha.
Tudo era perfeito nos primeiros dois anos de casamento. Foi quando o marido
começou um caso extraconjugal e a obrigava, de forma violenta, a aceitar a
situação. A agressão dele piorou no último ano. Nervoso pela cobrança de fidelidade,
ele jogava Suzana no chão e pisava nela. Ele a empurrava contra a parede e
espancava seu rosto e corpo. “Ele dizia
que eu sabia que ele tinha outra mulher e que eu tinha que aceitá-lo assim. Ele
começou a desconfiar que eu também o traia, mas a minha vida era minha filha e
meu trabalho”. Desconfiado da esposa, ele a acompanhou ao trabalho uma vez. Ao
passar de carro por ela, tentou
atropelá-la. Como não conseguiu, começou a apedrejá-la no meio da rua. Acuada,
ela reconheceu que precisava de ajuda para enfrentar aquela situação e o
denunciou.
Casos como o de Marina, Regina e Suzana acontecem com
frequência no mundo inteiro. E muitas mulheres sequer sabem que estão sendo
vítimas de um crime, já que violência contra a mulher assume muitas formas –
física, psicológica, sexual, entre outras.
FONTE: PORTAL BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário