Estudos do Instituto Geotécnico de Reabilitação do Sistema
Encosta-Planície (Reageo) resultaram em um mapa inédito de risco para prevenção
a desastres naturais no município de Angra dos Reis, no sul do estado do Rio de Janeiro, encomendado pelo Instituto
Estadual do Ambiente (Inea). O mapa inclui a região central da cidade e a Ilha
Grande, em uma extensão de 70 quilômetros quadrados. Em 2010, as áreas foram
afetadas por enchentes e deslizamentos de terra, que mataram cerca de 50
pessoas.
O professor de Engenharia Geotécnica do Instituto Alberto Luiz Coimbra
de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Maurício Ehrlich, membro do
Reageo, defendeu que os governos federal e estaduais invistam em mapas
topográficos em escala de “pelo menos” um para 5 mil, nos grandes centros e nas
regiões mais suscetíveis a desastres naturais.
O especialista disse que o procedimento
adotado para a elaboração do mapa do Reageo têm por base a história da região.
“É quase um inventário de informações. Se ela [região] não tem histórico de
ruptura, diz-se que o risco é baixo”. Além disso, foram feitas fotos de
satélites. Por ser mais detalhado, o mapa do Reageo “pode cumprir seus
propósitos mais adequadamente”.
“Para chegar a um mapa de risco, primeiro você tem que definir o mapa de
suscetibilidade, que indica a maior ou menor possibilidade de haver ruptura de
encosta em um determinado local”. São coletadas informações sobre fatores como
declividade da encosta, altura, tipo de solo, vegetação, ocupação, descida de
água. O levantamento demandou um ano de trabalho.
A etapa seguinte se baseou nos dados de ocupação e definiu o mapa de
risco. “Se você não tiver uma ruptura na encosta, o risco, isto é, a
consequência do que pode acontecer, é zero”. Ehrlich esclareceu que o risco
também envolve, além dos habitantes, as facilidades que existem, como o custo
de implantação de ruas e de casas, além de danos ao patrimônio.
O mapa do Reageo identificou que em torno de 25% das áreas pesquisadas apresentam riscos muito elevado
e elevado. Essas áreas são também as que mostram maior ocupação populacional.
De acordo com o mapa, cerca de 8 mil pessoas que vivem em áreas de alto risco
terão de ser transferidas para outros locais, menos sujeitos a colapso, devido
à alta suscetibilidade aos desastres naturais. O fator deflagrador é sempre o
mesmo: a chuva.
Com base no mapa, os pesquisadores da Coppe/Reageo sugerem que as
autoridades privilegiem as áreas de risco moderado para baixo no processo de
futura expansão e de realocação de pessoas. Nesses locais, foram
sugeridas ainda obras de drenagem para melhorar de forma considerável as
condições dos terrenos.
A prefeitura de Angra dos Reis, na região sul do estado do Rio de Janeiro,
atualiza as três bases de informações para definir as obras que terão de ser
feitas na cidade visando à prevenção de desastres naturais. O trabalho é feito
pela Secretaria Municipal de Defesa Civil.
De acordo com o secretário da Defesa Civil local, Marco Oliveira, a
atualização dos dados poderá confirmar a necessidade de transferência
definitiva de 8 mil moradores, sugerida pelo mapa. Além do banco de dados
próprio do município, Angra dos Reis dispõe de um mapa elaborado pelo Serviço
Geológico do Brasil (CPRM), antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais,
a pedido do governo federal, que cobriu 74 áreas de risco.
“Mapa de risco tem de ser atualizado”, destacou Marco Oliveira. Como os
mapas disponíveis foram feitos em 2010 e 2011, a prefeitura de Angra está
sobrepondo as informações visando à atualização. O trabalho é feito em conjunto
com o Departamento de Recursos Minerais do estado (DRM) e deverá se estender
até 2014, estimou o secretário.
O comparativo dos dados e a sua atualização permitirão definir as obras
de recuperação que terão de ser feitas em locais afetados pelas fortes chuvas
dos últimos anos e as intervenções de engenharia, identificando ainda em que
regiões a população terá de ser totalmente evacuada.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário