quinta-feira, 15 de maio de 2014

FALTA DE ESPAÇO PARA LIXO NUCLEAR NAS USINAS PODE LEVAR A DESLIGAMENTO DE ANGRA


Relatório enviado ao TCU diz que Angra 2 pode ser desligada em 2017. Capacidade de armazenamento de combustível está quase esgotada.

As usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2, localizadas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, correm o risco de ser desligadas nos próximos anos por falta de espaço para armazenar o lixo atômico.

Em relatório enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) aponta que o desligamento de Angra 2 pode ocorrer em 2017, e o de Angra 1, entre 2018 e 2019. “Além disso, a entrada em operação de Angra 3 também poderá ser afetada”, diz o relatório.

O combustível nuclear usado é armazenado inicialmente em piscinas no interior das próprias usinas, o que deve ocorrer também em Angra 3. A capacidade dessas piscinas, no entanto, estará esgotada em 2018 (Angra 2) e 2020 (Angra 1).

Para resolver o problema de falta de espaço, uma unidade de armazenamento complementar (UFC) deve ser construída dentro da área das usinas a um custo de R$ 577 milhões. A previsão inicial é que ela entrasse em funcionamento em dezembro de 2017 e garantisse o armazenamento do lixo até 2040. No entanto, o maior risco é que a obra, que ainda não começou, não seja concluída a tempo.

De acordo com o relatório, a Eletronuclear – empresa que opera as usinas – informou que “caso haja atraso ou insucesso no processo de implantação e liberação” da unidade complementar, “a produção de energia elétrica pelas usinas poderá vir a ser prejudicada”. “Dessa forma, verifica-se que eventual atraso ou insucesso na execução do cronograma de implantação da UFC constitui severo risco de prejuízos financeiros, operacionais e de segurança para a Eletronuclear, uma vez que a própria operação das usinas poderá ser paralisada”.

Ainda segundo o documento, a probabilidade de que isso ocorra é “bastante alta” devido aos processos de licenciamento e a contratação de terceiros para execução das várias etapas do projeto, “sendo comum a ocorrência de atrasos em situações desse tipo”.

Um depósito final de rejeitos radioativos também (RBMN) também está em projeto e deve exigir investimentos de R$ 261 milhões. Um cronograma de novembro de 2013 prevê a entrada em operação desse depósito em 2019, mas o documento também aponta “alto risco” de atraso. A Cnen afirma que está em fase de estudo para seleção do local que abrigará esse repositório.

No documento, aprovado pelo TCU no último dia 30 de abril, o órgão dá 90 dias para que a Comissão Nacional de Energia Nuclear tome as providências necessárias.

FONTE: ANGRANEWS



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